27.10.08

Os últimos dos Moicanos


Quando me formei no seminário há alguns anos atrás estava pronto para trabalhar ministerialmente com jovens. O meu sonho ia se tornar realidade, jovens trabalhando com e para outros jovens. Animar grupos de jovens nas igrejas, restaurar ministérios voltados aos jovens.

Afinal de contas, cresci ouvindo nomes de movimentos como Jovens da Verdade, Mocidade para Cristo, Aliança Bíblica Universitária, Jovens em Cristo, entre outras.

Mas qual foi a minha decepção, olhei para um lado e para o outro e vi que restaram poucos com esta visão. Senti que eu tinha nascido uma geração depois da que deveria realmente nascer.

O que aconteceu com os líderes de jovens da minha geração? Ou melhor, o que aconteceu com os jovens da minha geração? Refiro-me aqueles que nasceram entre 1973 a 1983.

Tinha percebido que restaram poucos ministério de jovens, muitos tinham sido absorvidos pela classe de adultos, outros eram grandes adolescentes com vinte e poucos anos e, outros tinham ido embora da igreja mesmo.

Certa vez, perguntei para um psicólogo qual era o maior problema que ele ouvia em seu consultório sobre a minha geração. Ele me respondeu sem hesitar: uma geração egoísta e infantil.

Explicou-me que a maioria das mulheres jovens que vão conversar com ele reclama de homens que não sabem se querem casar, comprar um carro ou um videogame. E mulheres que não concordam de seus namorados ou maridos exercerem um ministério voluntário na igreja, alegando que eles precisam se preocupar mais com o futuro financeiro dos dois.

Essas palavras bateram forte em mim, afinal de contas ele estava falando da minha geração, de mim também.

Realmente restam poucos líderes dessa geração, os últimos dos Moicanos.

Acredito que o problema é ainda pior, com o desaparecimento de minha geração e uma geração anterior ter se firmado como adultos líderes na igreja e uma outra geração mais populosa e forte chegando logo depois, a partir de 1985. Houve uma ruptura no elo de gerações.

Essa lacuna entre adultos e adolescentes gera divisões na igreja, pois não está havendo comunicação entre um e outro, já que quem faz isso é sempre a geração que está no meio das duas. Estamos vendo cada vez mais igrejas voltadas a uma programação só para adolescentes e outras igrejas voltadas só para os adultos.

Terrível ruptura no corpo de Cristo.

Choro por minha geração egoísta e infantil, por não haver mais quase ninguém que faz parte dela, nos acampamentos ou movimentos interdenominacionais, mas sempre me alegro muito quando vejo jovens, homens e mulheres entre 25 e 35 anos, que abriram mão de sua vida e se entregaram nas mãos de Deus e estão fazendo a diferença. Pois vocês são os últimos dos Moicanos!

9 comentários:

  1. Fico impressionada com sua capacidade de expor o que Deus põe em seu coração de forma tão clara e cativante! Deus quer jovens assim, que são LUZ de forma influente, como você é, e eu busco sempre, e cada dia mais, ser.
    Somos os ultimos dos moicanos. E que Deus nos abençõe.

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  2. obs: seus textos são super gratificantes! hehe Parabéns!

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  3. É verdade Marquinhos, olha também sou dessa geração (82), e realmente vejo que estamos solitários nessa caminhada. Como disse Ap. Paulo: “Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou...” (2 Timóteo 4:10). Aqui na nossa igreja, IPI de Cuiabá, vejo os adolescentes tão envolvidos e os jovens cada vez mais distantes. Infelizmente...

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  4. Oi Marcos, Muito bom o post..

    O comentário que você colocou no post, a respeito do que o psicólogo disse dessa geração me chamou atenção, sou da geração de 1987, e parei para refletir, será que também não é uma geração egoísta e infantil? Vejo muitos jovens trabalhando na obra (o que é muito bom), porém ja não sei mais se é pelo desejo de servir ou por que está virando "moda" ter ministério com juventude, tenho me deparado com pessoas que querem ser líders porém não querem assumir um real compromisso..
    agradeço a Deus por aqueles que ainda se dispõe a fazer o trabalho..

    Forte abraço, Gisele.

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  5. Marcos,
    Tenho o prazer de entrar sempre no seu site para ler teus textos e sempre que posso, dou um pulo no JV. Graças a Deus pela sua vida e pelo líder de jovens que vc é. Sinto me exatamente como você... Que Deus te fortaleça a cada dia e que vc seja um multiplicador sempre...
    Beijooo!!!

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  6. é... eu também sou dessa geração (82) e infelizmente tenho que concordar com você...
    cadê os da nossa geração, na igreja que faço parte vejo direitinho o que você falou no texto, adolescente forte, ministerio de casais, mas para jovens, infelismente nada...
    e olha que tem muitos adolescentes da minha epoca que nem sei onde estão...
    eu acho que nasci uma geração após a minha já que como você participo da mpc desde que eu me lembro...
    um abraço e parabéns pelo blog, me identifico sempre com seus textos...

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  7. Ainda bem q demorei pra nascer..!
    :P Brincadeira

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  8. Olá Marcos escrevi algo sobre este assunto.
    Hoje pastoreio, o que é raro muito raro mesmo, ministério com Jovens e adolescentes.
    Sou de 72, logo vi, vivi e senti na pela a ausência de líderes capazes de me envolverem neste ministério. Graças a Deus e ao amor dele por esta geração que fui alcançado e alçado a este mundo.
    Amo muito este ministério.
    se puder dá uma olhadinha no meu blog...
    inté..
    www.burjack.blospot.com

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  9. Alguns pontos me chamaram a atenção nesse texto:

    - mulheres se incomodando com a disposição dos homens de servir..
    - a falta de vontade com o compromisso...

    Esses fatores só me assustam e me entristecem por ver que parece só piorar, e as novas gerações estarem sem rumo.

    Sei que ainda existem aqueles que querem mudar isso.

    Só Cristo!

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