Tenho um amigo que dirige 140 Km todos os dias para ir até o nosso seminário. Depois de já ter feito uma faculdade e para minha surpresa, veio conversar comigo algum tempo atrás porque tinha dúvida se tinha chamado ou não de Deus. Para mim era tão óbvio que sim.
Juntamente com ele, recebo esta pergunta quase todo fim de semana ou acampamento que eu vou. Pessoas querem saber se o que sentiram ou sentem é um chamado de Deus para missões.
Não acredito que os vocacionados ao ministério, como missionários ou pastores, são os únicos que recebem um chamado de Deus. Acredito que todos nós precisamos um dia responder qual é o nosso chamado.
Que pena que a busca para ouvir o chamado de Deus se mistura aos 17 anos à imensa pressão de decidir qual curso vai fazer e em que faculdade vai estudar. Os testes vocacionais são baseados em habilidades e afinidades. Isso é muito importante, mas não é tudo. Simplesmente porque não conta com o lado divino da coisa, é só baseado no indivíduo.
Para nós que acreditamos que existe um Deus e que Ele decidiu se relacionar com a gente de forma especial em uma parceria de respeito e intimidade, é preciso entender que não pode ser apenas um teste ou tendência de mercado que vai definir o que vamos fazer.
A base de todo o chamado é o serviço ao próximo diante de Deus. Somos chamados para servir, independente do que você vai fazer na vida, sempre terá que se perguntar: como vou servir ao próximo no que vou fazer o resto da minha vida? Tenho que me envergonhar diante de Deus pelo que estou fazendo? Por isso acredito que todos temos que entender em Cristo a base do chamado de nossas vidas.
Mas acredito que, além disso, Deus tem para cada discípulo um chamado específico. E é este que a maioria dos jovens não sabe identificar.
Para facilitar, vou separar em três etapas as formas que as pessoas encaram o que vão fazer da sua vida até chegar ao chamado. Se esta revelação vai ser em uma noite ou em vários anos é outra conversa.
A primeira é quando você encara o que vai fazer como uma ocupação. Não importa muito qual é o trabalho e nem se você gosta e se sente bem, o que importa é o dinheiro, pois essa ocupação é em princípio por pouco tempo. Como você quer se um advogado e aceita um emprego no fim do ano em um shopping? O grande problema é: por quanto tempo você vai viver fazendo uma coisa simplesmente por dinheiro?
A segunda forma é quando você encara o que vai fazer como uma carreira profissional. Essa você se afina com o que faz, se preparou com cursos e faz bem. Não está lá só pelo dinheiro ou para se manter ocupado até chegar algo melhor. Mas mesmo estando em um lugar que se encaixa com você, o seu coração está em outro lugar. Aí você se pega trabalhando, correndo para chegar, por exemplo, o fim de semana e ajudar dando aula de música em uma comunidade carente perto de onde você mora. O problema é que você sabe que faz o que tem habilidade, mas o seu coração não esta lá, e isso o seu patrão vai perceber logo. Por que essa é a sua habilidade, mas não é necessariamente o seu chamado.
A terceira etapa é quando você faz porque você sabe que você foi criado para fazer isso, mesmo quando você volta do trabalho, se pega pensando nele, falando dele e até gastando seu dinheiro nele. Toma muitas vezes decisões abrindo mão do lado financeiro, para realizar o que esta no seu coração. O salário é importante, mas o que satisfaz o seu coração é ver trabalho cumprido. Aí sim, quando você chegou a essa etapa, e viu que com isso você serve o próximo na presença de Deus, você entendeu o seu chamado.
As pessoas estão dispostas a viver toda a vida quando acham uma carreira profissional, mas estão dispostas a morrer quando encontram seu chamado! Foi assim com o nosso mestre!
"Faça da vida um chamado, e do chamado sua vida"
ResponderExcluirtexto muuuuito bacana!
ResponderExcluirGostei do texto, Marcos!
ResponderExcluirEu acho que chega até a ser difícil seguir um chamado. Não é fácil chegar pra família e dizer: mãe, meu chamado é fazer missões na África. Ou então: pai, vou fazer o curso de letras e montar uma escola pra crianças carentes...Minha mãe, por exemplo, quer que eu faça medicina pronto.
Maas, eu sei que não é assim, e ela sabe que eu quero seguir o que Deus quer pra mim. Mais difícil de seguir o chamado, é ouvi-lo. Não pq Deus não fala, mas pq nós não queremos ouvir...
Cara, só digo uma coisa: vc foi usado por Deus escrevendo esse texto. Impressionante, tudo o que eu estava precisando ouvir de Deus...
ResponderExcluirE graças a Deus e ao JV encontrei realmente o meu chamado... Agora vem o mais difícil, desistir de tudo e investir nele...
Abraços....
Texto excelente, Marcos.
ResponderExcluirRecomendo a leitura do capítulo Trabalho do livro vivendo com propósito do Ed René Kivitz...se é que já não leu.
Abraços.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito legal o texto, Marcos. Creio que parte do problema deva-se ao fato de enxergarmos apenas as atividades religiosas como passíveis de um "chamado". A herança católica de divisão secular/sagrado ainda é muito presente na sociedade evangélica na nossa época. Por isso, as pessoas acham que chamado é só pro "sagrado", e acabam por se esquecer que, na vida daquele que nasceu de novo, tudo é sagrado - quer ele tenha sido chamado para ser um pastor, um missionário ou qualquer outra atividade.
ResponderExcluirDaniel
pois então você diz ao Renatão que só dele te colocar pra refletir e fazer um texto desses, ele já foi chamado. Valeu!
ResponderExcluirOlá Marcos, meu nome é Tatiane e gostaria de saber se podemos publicar seu texto (com os devidos créditos, claro) em nosso jornal no espaço dedicado aos adolescentes.
ResponderExcluirwww.casadeoracao.org.br
Deus o abençoe.
Um abraço,
Tati Pereira