12.2.08

A massificação Babilônica da música gospel


O principal objetivo deste trabalho é comparar três textos de fontes distintas, mas que tratam do mesmo assunto.

No livro de Daniel, capítulo três, mostra que o rei Nabucodonosor fez uma estátua magnífica da altura de um prédio de 7 andares, toda revestida de ouro. Não se via e, não se vê hoje, uma estátua desse tamanho revestida de ouro.

Mas o rei não estava satisfeito com isso, contratou músicos e instrumentos de toda a espécie. Instrumentos como o som da buzina, da flauta, da harpa, da sambuca, do saltério, da gaita de foles, algo de aparência ímpar.

Se em pleno século XXI é difícil encontramos uma orquestra em uma praça tocando para todos, com tão variados instrumentos, quanto mais naquela época juntar todos estes instrumentos e colocá-los em uma praça para todo o povo. Vale lembrar que alguns instrumentos eram privilégios de apenas para os reis e a corte.

A forma estética da estátua de ouro, juntamente com a maravilhosa orquestra são o palco de uma estratégia para alcançar todos os que estão na Babilônia. Não tem como passar pela cidade e não se maravilhar com uma estátua de ouro daquele tamanho e não parar para ouvir e apreciar a orquestra tão rara e bela que o rei colocou para introdução de seu próprio culto. Mexendo com as emoções através das músicas, fica mais fácil concluir que só um deus poderia proporcionar tão bela estética para um povo simples e desprovido deste privilégio em seu cotidiano.

Mas por que o rei Nabucodonosor colocou aquela banda toda na rua antes do grande ato de adoração de sua imagem? A estátua gigante de ouro não era suficiente? Não.

Eu gostaria de fazer um paralelo deste acontecimento com uma reportagem que li em um site que trás as “noticias Super Gospeis” falando do mega show que juntou, segundo eles, mais de um milhão de pessoas: “Seis anos depois de seu primeiro CD gravado ao vivo, o Ministério de Louvor ... grava mais um CD, mas como todos os outros, não foi apenas um show. Mais de um milhão de adoradores se reuniram ali no Centro Administrativo da Bahia para proclamar que só o Senhor é Deus! Um coral de 4.500 vozes de igrejas da Bahia estava presente naquela maravilhosa noite.”

A reportagem continua falando das músicas e dezenas de dançarinos e músicos que estavam naquele mega show, fala de um palco gigante construído apenas para o evento e da cidade que se mobilizou toda em volta do evento.

Não é apenas um louvor, nem apenas um show, como diz o repórter, é O evento de adoração. Onde se reúne toda espécie de músicos, instrumentos, show de luzes, telões e até um coral de 4500 vozes. A multidão vai ao delírio com as músicas e o show. O espetáculo sonoro e estético é algo não visto antes pela grande parte daquelas pessoas que estavam ali presentes.

Não é à toa que os CDs e DVDs de grupos como estes estão entre os mais vendidos do Brasil. São grupos que alcançaram a multidão com suas músicas e seus mega shows.

Qual o paralelo que quero fazer entre um mega show idólatra e profano de Nabucodonosor e o Mega show de adoração das bandas atuais, como este show na Bahia? O argumento em que Marx Weber se baseia e usa ao definir a estética no livro “Os Pensadores, Ensaios de Sociologia” na pagina 257 é que:

“Na realidade empírica, histórica, esta afinidade psicológica entre arte e religião levou a alianças sempre renovadas, bastante significativas para a evolução da arte... Quanto mais desejavam ser religiões universalistas de massa, tanto mais sistemáticas eram as suas alianças com a arte.”


Nisso, Weber interpretou com maestria a grande aliança entre a arte e a religião. A arte não é só uma ferramenta para a expansão e aceitação de uma religião para um povo, mas é o elemento básico de massificação de uma nova religião. No movimento Gospel brasileiro a intenção de alcançar as massas é o que nutre a grande aliança entre a arte e a religião.

Foi assim com Nabucodonosor e é, principalmente, nos dias de hoje, no movimento gospel Brasileiro. Não devemos negar a arte, como os que querem purificar a religião protestante, mas devemos entender a posição que ela ocupa nos nossos dias.

O uso da arte é para a massificação da religião gospel, este é o objetivo final, é o valor maior. E a adesão legitima qualquer forma de arte, ainda mais uma arte mágica, um show mágico, onde qualquer desvio bíblico fica em segundo plano.

É lógico que não usamos os termos que Weber usava, usamos os termos evangélicos: a arte mágica ganhou o nome de canções cheias de unção e a massificação ganhou o nome bonito de evangelização.

Marcos Botelho

7 comentários:

  1. Impressionante como as coisas acontecem da "mesma forma", mudam apenas as palavras que são usadas. Temos que ter bastante cuidado com esse tipo de coisa... Que Deus, possa estar sempre nos conduzindo no caminho correto!

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  2. Muito bom o texto Marcola!!!
    Concordo plenamente.

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  3. Mas Botelho me diga ai como qeu fica a questao da arte então?
    Devemos usar? e qual o melhor modo, a melhor motivação?

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  4. Agora entendi pq vc keria fazer akilo no photoshop hahaha

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  5. É por essas e outras que abandonei a "música" (denominada) Gospel...Credo! Forte abraço meu amigo! (http://emerson.bahia.zip.net)

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  6. Gostei do post. Só não concordo com uma coisa: realmente não dá para chamar o gospel brasileiro de arte ainda, pois fazer arte no campo da musica é bem mais do que aquilo que temos visto por aqui! O que vemos em mega shows gospel-brasileiros é um subproduto de um subporduto da arte norteamericana, com repetições cansativas, chavões copiados, e sonoridade bastante cristaneja!! Quem dera esivéramos fazendo com dissera Weber, universalizando nossa mensagem com arte de verdade!! Dessa maneira estaríamos influenciando o mundo inteiro com nossa produção artística (assim como o negrospiritual americano fez), o que seria maravilhoso, pois Deus nunca foi contra a arte, Ele é o grande e primeiro artista! Dessa forma a arte que faríamos seria um reflexo daquilo que o Senhor faz em nós, um reflexo traduzido com inteligencia e maestria para a cultura mundial. As pessoas glorificariam a Deus mesmo sem conhecê-lo, vendo a boa arte que produziríamos! Infelizmente, devido a nossoa produção ser pastiche, só conseguimos receber deboches do público que não entende o evangeliquêz, logo, se a nossa cultura gospel fosse realmente arte, não necessitaria de tradução, pois a verdadeira arte já é traduzida ao publico contemporaneo.

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  7. Eu adorei o seu blog.Concordo,não só com esse texto,mas como mtos outros aqui.
    mto bons!Estou sempre tentando influenciar os jovens de minha igreja para que não se deixem levar pelos modismos evangélicos,que mtas vezes são heréticos.
    Um abraço.

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